O que é o Jardim do Éden? Ele realmente existiu? Paraíso terrestre, era de ouro da humanidade, esse jardim maravilhoso no qual o homem conhece a felicidade divina está descrito no livro dos Gênesis, primeiro livro bíblico do Antigo Testamento. Adão e Eva viviam felizes, até que - tentados pela serpente - eles comeram o fruto da árvore do conhecimento do Bem e do Mal, e assim foram expulsos.
“Depois, o Senhor Deus plantou um jardim em Éden, a oriente, e pôs ali o homem que havia formado.
E o Senhor Deus fez brotar do solo toda sorte de árvores de aspecto atraente e de fruto saboroso, e, no meio do jardim, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
De Éden nascia um rio que irrigava o jardim e, de lá, se dividia em quatro braços. O primeiro chamava-se Fison; ele banha toda a terra de Hévila, onde se encontra o ouro, um ouro muito puro, como também o bódélio e a pedra de ônix.O nome do segundo rio é Geon, o rio que banha toda a terra de Cuch. O nome do terceiro rio é Tigre. Corre a oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.” (Gênesis 2, 8 - 14)
Sua inclusão em uma realidade terrena, talvez esteja menos considerada em um aspecto geográfico (onde o jardim do Eden está localizado na terra), do que em um aspecto memorial. O homem leva dentro de si essa lembrança de um tempo abençoado que lhe permite ir em busca dessa harmonia perdida.
No jardim do Éden, o homem fala com Deus. Sua relação com Ele é simples e natural. Deus provê todas as suas necessidades e o homem vive sem preocupações, nem penas. Foi a desobediência a tentação de ser como Deus - provando do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (o que santo Agostinho chama de pecado original) - que rompe essa harmonia e faz surgir o medo, a dor, a pena.
O homem se lembra desse estado de paz e busca a harmonia. Somente a volta a Deus lhe permite essa paz da alma, o fato de se abandonar inteiramente e com uma total confiança em seu criador, que é também um Pai amável que está de braços abertos a volta de seus filhos (cf. parábola do filho pródigo).
Trata-se de um jardim, isto é, de uma natureza domesticada, acolhedora (e não hostil e selvagem), um lugar de harmonia entre o homem e seu ambiente.
Na bíblia, o homem é convidado por Deus a ser o cuidador, trabalhar a terra, … não explorá-la!
“O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para o cultivar e guardar.” (Gênesis 2, 15)
Diante as catástrofes ecológicas, o papa Francisco - na sua encíclica LaudatoSi - nos convida a encontrar novamente essa harmonia entre o homem e a criação, seja pelo cuidado, atenção e respeito com a nossa casa em comum.
“É importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que nos convidam a «cultivar e guardar» o jardim do mundo (cf. Gn 2, 15). Enquanto «cultivar» quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, «guardar» significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Cada comunidade pode tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras.”