O relato da vida e da paixão de Santa Luzia, redigida no século IV, contém, como muitas vezes para os primeiros mártires, fatos reais e legendários. A história de Santa Luzia retida pelo martirológio romano é a seguinte.
Luzia nasceu em uma nobre e rica família de Siracusa em Sicília no século III. Seu nome provém de lux que em latim significa luz. Na juventude, junto a sua mãe Eutíquia, elas foram orar sobre o túmulo de Santa Ágata, em Catânia, para obter a cura de sua mãe, que sofria de hemorragia incurável. Aconteceu que ela adormeceu no santuário e a jovem teve um sonho onde lhe apareceu Santa Ágata e lhe disse: "Luzia, minha irmã, porque me pedir a mim o que a tua fé mesma pode fazer? A sua mãe está curada. Você será em breve a glória de Siracusa como eu sou a glória de Catânia.” Em ação de graças pela cura de sua mãe, Luzia fez os votos de permanecer virgem e depressa desfez-se de suas jóias e bens. Seguido destes atos, seu noivo denunciou-a como cristã.
A jovem foi levada diante do governador que lhe pediu para sacrificar-se aos deuses. Ela recusou e permaneceu firme mesmo diante as ameaças. Os soldados vieram então para prendê-la, mas Luzia estava de modo inexplicável imóvel, como um bloco de pedra. Os soldados tentaram puxá-la com cordas, arrastá-la com os bois, nada consegue arrastá-la. Relatam esse diálogo entre Luzia e o governador furioso:
“– Quais feitiços você usa?
– Não recorro a feitiços, mas o poder de Deus está comigo.
– Como você pode, mulher de nada, triunfar sobre mil homens?
– Traga dez mil, eles não poderão lutar contra Deus.”
Luzia foi, então, levada ao suplício: cobriram-na de óleo, piche e resina e colocaram fogo, mas as chamas não a atingiram. Por fim, Luzia é atingida por um golpe de espada, foi em 305, sob as perseguições do imperador Diocleciano.
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Luzia foi proclamada virgem e mártir. Ela é celebrada dia 13 de dezembro. Seu nome faz parte do cânon da missa, da ladainha dos santos e da ladainha dos agonizantes. As relíquias de Santa Luzia foram primeiramente veneradas em Siracusa e depois levadas a Constantinopla e por fim a Veneza onde ainda permanecem.
Santa Luzia está representada nas cerâmicas da Basilica di Sant'Apollinare Nuovo em Ravenna com outras virgens e mártires: Ágata, Ines, Cecilia, Anastacia, Felicidade e Perpétua, citadas elas também na oração eucaristica.
Santa Luzia é a padroeira dos cegos, dos oftalmologistas e oculistas. De fato, em torno do século XIV, por causa de seu nome que evoca a luz, os cegos puseram-se a invocá-la para curar a cegueira. Foi nessa época que apareceram as primeiras representações de Santa Luzia carregando um tabuleiro com olhos.
Na Escandinávia e especialmente na Suécia, mas também na Finlândia, é celebrada em torno do 13 de dezembro, a festa da luz. Esses países nórdicos conhecem longas noites de inverno e, neste período, os dias começam a se prolongar. O nome de Luzia, estando sempre associado à luz, a festa cristã de Santa Luzia tomou lugar de uma antiga festa pagã. Nesta ocasião, as jovens fazem uma procissão, vestidas de brancos segurando uma vela na mão e levando uma coroa iluminada. À frente, caminha uma delas, representando Santa Luzia. Em todas as casas, celebram a festa de Santa Luzia degustando pequenos biscoitos em forma de estrelas.
A festa de Santa Luzia é também celebrada na Itália e na Ilha de Córsega com um desfile de tochas.
Santa Luzia é invocada contra os problemas de olhos e as hemorragias ou perdas de sangue, desde o século IV sua intercessão é reconhecida sendo tão poderosa que de toda parte vinham venerá-la.
“Meu Deus, Criador e Redentor, com misericórdia escute nossas orações quando veneramos a sua serva, Santa Luzia, pela fé iluminada que lhe fizestes dom.
Aumente e preserve essa mesma luz em nossas almas a fim de que possamos evitar o mal, fazer o bem e rejeitar acima de tudo a cegueira e escuridão do pecado.
Confiantes em vossa bondade, Senhor, nós vos imploramos humildemente, pela intercessão de vossa serva, Santa Luzia, de abrir nossos olhos à luz, para lhe honrar e glorificar; pela salvação de nossas almas neste mundo; para que possamos desfrutar da luz eterna com o Cordeiro de Deus no paraíso.
Santa Luzia, virgem e mártir, escute nossas orações e dai-nos a graça. Amém."
“Ó, Santa Luzia, que preferistes que vossos olhos fossem vazados e arrancados antes de renegar a sua fé e compuscar vossa alma;
Deus, com um milagre, vos devolveu dois olhos perfeitos para recompensar a vossa virtude e vossa fé, e vos constituiu protetora contra as doenças dos olhos.
Eu recorro a vós para que protejais minhas vistas e cureis a doença dos meus olhos.
Ó, Santa Luzia, conservai a luz dos meus olhos para que eu possa ver as belezas da criação, o brilho do Sol, o colorido das florestas e o sorriso das crianças.
Conservai também os olhos de minha alma, a fé, pela qual eu possa compreender seus ensinamentos, reconhecer o seu amor para comigo e nunca errar o caminho que me conduzirá onde vós, Santa Luzia, vos encontrais, em companhia dos Anjos e Santos.
Santa Luzia, protegei meus olhos e conservai minha fé.
Amém.”